domingo, 17 de janeiro de 2010

Ratão-Águia/Uje/Manta

Os ratões constituem um grupo muito diverso que abarca várias famílias. Duas delas, Dasyatidae e Myliobatidae, são representadas frequentemente, no primeiro caso, pelo ratão (Dasyatis pastinaca) e uje (Taeniura grabata), e no segundo pelo ratão-águia (Myliobatis aquila).

O ratão encontra-se geralmente enterrado nos fundos arenosos ou lodosos, com os olhos, espiráculos respiratórios e uma porção da cauda visíveis. Estes indivíduos podem atingir um comprimento de cerca de 2.5m, onde 40% corresponde ao corpo e 60% à cauda. A cauda é longa e flexível e possui um espinho dentado desenvolvido que é usado como uma arma bastante eficaz. O ratão, por ter esta característica, é considerado um dos peixes mais perigosos. Embora dolorosa, uma picada destes animais raramente é fatal.

O ratão-águia, Myliobatis aquila, distingue-se do ratão e da uje por possuir uma cabeça alongada distinta do disco. Embora habite preferencialmente fundos arenosos, é frequentemente observado a nadar perto da superfície, tanto na costa como em água livre. Na Terceira, mais especificamente na gruta do Ilhéu das Cabras, já foram avistados vários animais a nadar em círculo, a menos de 1 metro da superfície, numa "dança graciosa" que fascina os mergulhadores.


A uje, é uma espécie bastante comum nas águas pouco profundas dos Açores, podendo atingir dimensões consideráveis. Nestes animais, o disco (corpo) é quase circular, sendo ligeiramente mais largo do que comprido e a cauda é curta e pouco flexível. São considerados animais perigosos devido à localização do espinho venenoso no meio da cauda. Estes indivíduos são frequentemente vistos a "dormir", parcialmente enterrados na areia, em baías e zonas abrigadas ao longo da costa, tendo já sido observados mesmo em zonas portuárias.


As mantas encontram-se principalmente no mar aberto e são frequentemente avistadas perto das baixas do Arquipélago, mas com alguma sorte, também podem ser observadas perto da costa. Estes indivíduos "voam" pela água através de lentos movimentos das "asas gigantescas". Nos Açores, as espécies mais comuns deste grupo magnífico são a jamanta (Mobula tarapacana) e a manta (Manta birostris). As mantas são facilmente identificáveis por um par de lobos cefálicos em frente da boca, olhos posicionados lateralmente e por não terem espinho caudal. Apesar da presença de numerosos pequenos dentes, todos os membros deste grupo são filtradores. Os lobos protuberantes são utilizados para encaminhar alimento plantónico e pequenos peixes para dentro da boca.


Frequentemente, as mantas dão longas "boleias" a peixes de menores dimensões - as rémoras. Estes peixes-pegadores "fixam-se" às mantas através de um disco de sucção que, no fundo, é uma modificação da primeira barbatana dorsal, e alimentam-se de parasitas e restos de comida na parte externa do corpo da hospedeira. Assim, eles servem como agentes limpadores dos "gigantes" e têm, como contrapartida, refeições asseguradas num "cruzeiro gratuito " pelos mares, ou seja, estabelecem uma relação de simbiose com as mantas.


Estes animais não são agressivos mas, devido ao seu imenso tamanho, impõem algum respeito ao mergulhador menos habituado. Por vezes, as mantas saltam completamente fora da água e podem arrastar pequenas embarcações por várias milhas, quando presas a um anzol de um aparelho de pesca.

Inicialmente, estes seres fantásticos provocam algum desconforto ao mergulhador que nunca os tenha avistado no seu meio natural, mas os receios rapidamente desaparecem porque a sua beleza acaba, inevitavelmente, por nos cativar. Tanto a pequena solha, como os restantes "peixes achatados" são objecto de interesse relevante para todos os "investigadores do mar" já que apresentam diferenças morfológicas e comportamentais curiosos e distintos de grande parte dos peixes marinhos. Esta é mais uma das razões para mergulhar nas águas surpreendentes dos Açores.

1 comentário:

  1. Anónimo6/9/12 15:48

    Alguem me sabe dizer qual a melhor altura para mergulhar e ter possibilidade de ver mantas na costa portuguesa?

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