segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Reabilitação de Baleia Piloto

O Nazaré: um desafio sem igual


Reabilitar ou não
A reabilitação de animais marinhos obedece a regras bastante bem definidas e por vezes a eutanásia é a única solução. Contudo, perante crias como o Nazaré, para a SPVS, a eutanásia não é uma solução, já que aquilo que se pode aprender durante um processo de reabilitação justifica o risco de o animal nunca vir a ser libertado. No futuro é preciso garantir que em Portugal existam estruturas que possam levar a reabilitação para um nível de excelência, onde todos os esforços serão efectuados com o objectivo de devolver os animais ao seu habitat natural e simultaneamente desenvolver espaços onde os animais irrecuperáveis possam ser mantidos de uma forma saudável e eticamente correcta.No dia 27 de Agosto de 2006 a RAMM - Abrigos (Rede de Apoio a Mamíferos Marinhos foi accionada pelo Comando da Policia Marítima da Nazaré devido a um arrojamento de um mamífero marinho na Praia Norte da Nazaré. A equipa sediada em Quiaios, a coordenadora da RAMM (Dra. Marina Sequeira do ICNB) e o Veterinário Dr. Salvador Mascarenhas (VetCondeixa) deslocaram-se para o local onde foi possível verificar que se tratava de uma cria de baleia piloto, bastante debilitada, mas sem ferimentos aparentes. O transporte deste animal demorou 8 horas a ser preparado de forma a garantir que não surgiriam complicações.

Três meses em Quiaios
Para garantir a sobrevivência deste animal, foi montada em Quiaios, uma das maiores acções de reabilitação alguma vez vista em Portugal. Devido à necessidade de ter uma vigilância constante foram criados 3 turnos diários, com 2-3 voluntários e um coordenador por turno. Devido a este facto, está registada na base de dados desta reabilitação a passagem de mais de 450 pessoas, que de alguma forma contribuíram para que o Nazaré sobrevivesse. Para além destes voluntários, a SPVS contou com o apoio on-line de diversos veterinários e reabilitadores espalhados pelos 4 cantos do planeta que, de uma forma desinteressada e altruísta, partilharam os seus conhecimentos connosco, contribuindo de uma forma significativa para a melhoria dos nossos conhecimentos e para o sucesso desta reabilitação. Passados 3 meses, o Nazaré foi transferido para o Zoo de Lisboa, que se comprometeu a continuar o processo de reabilitação.
As aventuras e problemas
A reabilitação de animais marinhos é sempre uma aventura onde o desconhecido e o imprevisto surgem a qualquer momento. A reabilitação do Nazaré não foi excepção à regra, sendo que os imprevistos eram diários. As aventuras estavam quase sempre relacionadas com o estado de humor do Nazaré, que obrigava a uma constante inovação nas formas de interacção, com o objectivo de evitar que o animal ficasse deprimido. Os imprevistos mais recorrentes foram a falta de voluntários, a falta de alimento adequado por ruptura de stocks, a qualidade da água, a dificuldade em arranjar medicamentos em doses elevadas, etc. A qualidade da água e a falta de alguns medicamentos, acabaram por ser os dois problemas mais preocupantes. O primeiro obrigou à procura de soluções engenhosas, sendo que a situação melhorou significativamente com o funcionamento dos novos filtros. A obtenção de medicamentos em doses elevadas foi sendo solucionada através do contacto com laboratórios farmacêuticos, sendo que actualmente um elevado número de companhias farmacêuticas efectua donativos que são essenciais ao sucesso das reabilitações.

Sem comentários:

Enviar um comentário